Fotografia - Micael Santos Dourado

Tem apenas 18 anos, vem de Grândola e é já uma promessa da fotografia nacional.

Quando é que surgiu a paixão pela fotografia?
Desde que me lembro que fotografo. Sempre andei com a máquina do meu pai atrás e sempre tentei fotografar todos os pormenores que achava interessantes.

Recordas-te com que idade tiraste a primeira fotografia?
Não faço a mínima ideia, mas lembro-me de ter talvez uns oito anos e andar a fotografar momentos com os meus pais.

De onde surge a inspiração? Quais são as tuas influências?
A minha inspiração surge, especialmente, quando folheio revistas do género da Vogue ou da Elle. Inspiram-me imenso, porque sonho vir a trabalhar nelas.

O teu trabalho debruça-se, em grande medida, sobre fotografia de moda. Porquê esta preferência?
A fotografia de moda é o género fotográfico com que mais me identifico. Adoro fotografar modelos, alta-costura. De alguma forma, sinto que pertenço a esse mundo.

O que é, para ti, uma boa fotografia de moda?
Para mim, uma boa fotografia de moda é aquela em que podemos observar pequenos detalhes, aquela em que a modelo nos consiga transmitir algo com o olhar e, claro, que se veja bem a criação do designer.

O olhar e o corpo são dois aspectos muito trabalhados por ti. Quais são as razões desta incidência?
Para que a fotografia resulte da melhor forma possível, a modelo tem de ter um olhar expressivo e uma pose que "grite" moda, daí dar muita importância a esses dois aspectos.

Quais são os critérios de escolha dos modelos?
Como ainda não trabalho profissionalmente, não tenho grandes critérios de escolha, mas creio que os normais são talvez a beleza, um corpo trabalhado e a expressividade.

És leitor assíduo de revistas de moda?
Por vezes, compro apenas para ver as fotografias, mas não é algo que faça com regularidade.

Trabalhar sobre moda faz-te ter mais vontade de comprar roupa e de ficar atento às tendências?
Não sou muito de seguir tendências nem de ir às compras. Há alturas em que dou um olhinho ao que se está a passar no que diz respeito à moda.

Se tivesses a oportunidade de escolher um(a) modelo com quem ambicionas trabalhar, quem escolherias e porquê?
Tyra Banks, sem dúvida. É uma modelo muito conceituada, porta uma beleza enorme, percebe perfeitamente o que é ser modelo e o que é esperado dela. É das minhas modelos favoritas.

Qual foi o trabalho mais difícil que já fizeste? E aquele de que mais gostaste?
O mais difícil foi, provavelmente, quando fotografei uma modelo dentro de água, à noite. Era pleno Inverno e ela não parava de tremer. Isso, a juntar à falta de luz, dificultou imenso a tarefa. O que mais gostei foi logo quando comecei a fotografar. Ainda fotografava com uma compacta de 7 megapixels, numa estação de comboios e fiquei radiante com o resultado.

Como avalias a fotografia de moda que é feita, actualmente, em Portugal? Tens estilistas preferidos?
Acho que a fotografia de moda no nosso país não é valorizada, tal como muitas outras artes. Não tenho nenhum em concreto, mas se escolhesse um seria, provavelmente, a Fátima Lopes.

Que equipamento e software usas?
O equipamento que uso é a minha Sony Alpha 200 e duas sombrinhas reflectoras. Quanto ao software, não consigo usar outro programa a não ser o Photoshop.

Quais são os fotógrafos que te servem de inspiração?
Há fotógrafos muito bons e que me inspiram imenso como o Paulo Madeira e o Salvador Pozo.

Edgar Martins, vencedor do prémio BES Photo deste ano, esteve envolvido numa polémica sobre manipulação digital de imagens. As fotografias em causa haviam sido publicadas numa edição do New York Times, assim como no site do jornal, mas instalada a polémica, o portfólio foi imediatamente retirado. Edgar Martins admitiu estar consciente de que estava a desafiar as convenções do jornalismo. Qual é a tua opinião, enquanto fotógrafo, acerca das questões que aqui se levantam?
Acho que é de mau carácter o uso do Photoshop, dado que as regras o proibiam e sendo fotojornalismo, pelo menos na minha opinião, o que é pretendido é mostrar a realidade.

Vou lançar-te um desafio. Escolhe uma das tuas fotografias e fala-me um pouco dela.

Tirar esta fotografia fez-me rir imenso, porque para além de ela ter demorado algum tempo a deitar-se na escada, estava extremamente desconfortável e ia fazendo alguns comentários. Gostei, sobretudo, do que me transmitiu no momento em que a tirei: uma tristeza indefinível, como se ela tivesse desistido de tudo.

Agora vou pedir-te que escolhas uma fotografia de um outro fotógrafo e que apontes as razões que pesaram na tua escolha.

Esta fotografia pertence a um amigo meu, cujo nome é António Medeiros. Escolhi-a, porque na minha opinião acertou em tudo: no ambiente, na pose, na expressão e na luz.

Conseguiste influenciar positivamente alguém a criar as suas próprias fotografias?
Sim, já consegui que alguns amigos meus optassem pela fotografia como hobbie e alguns criaram até galerias on-line. Também já vieram pessoas ter comigo e dizerem-me que as inspirei, o que é óptimo.

Existe alguma coisa que ainda não fizeste e queiras fazer, com fotografia de moda?
Existem muitas coisas que ainda não fiz com a fotografia de moda e que planeio fazer, uma delas, por mais absurda que pareça, é fotografar em plena Times Square.

Quais são os teus hobbies?
Para além da fotografia, claro, estudo Flauta Transversal no Conservatório Regional de Setúbal e também toco numa banda local.

Quais são os teus projectos futuros? Pretendes continuar a investir na tua formação?
Sim, pretendo começar a estudar fotografia e talvez entrar para uma agência.

Fotografia é aquilo que queres fazer para o resto da vida?
Sem dúvida, já reflecti imenso sobre essa questão, e… Há alguma coisa melhor do que trabalhar no que gostamos?

Uma última questão, talvez a mais difícil de responder. O que é para ti fotografia?
Ao contrário do que se costuma dizer, fotografia para mim não é apenas captar um momento único, também é a captura de uma expressão e de uma pose que dificilmente se repete. Fotografia dá-nos a liberdade para fazermos o que quisermos e isso para mim é tudo.

Rápidas:
» O teu lugar favorito no mundo: Nova Iorque
» A música que não te sai da cabeça: You Had Me, de Joss Stone
» Um filme que recomendas: Le Fabuleux Destin D'Amelie Poulin, de Jean-Pierre Jeunet

Trabalhos disponíveis em:
http://www.micael-dourado.com
Por Joana Clara

0 comentários:

Enviar um comentário