No Ecrã - "4 Copas"



4 Copas: A estreia mundial do filme foi no Festival Europeu de Cinema de Kalininegrado, na Rússia, e teve a primeira exibição pública em Portugal, no Festival de Cinema do Estoril 2008. Rodado em 2004, o filme viu a luz do dia apenas cinco anos depois. A estreia nacional aconteceu a 20 de Agosto.

Aposta alta

Sem bluff à vista e com truques na manga, Rita Martins vem para ficar.



É dona de uma naturalidade desarmante e de um olhar profundo. Nascida há 25 anos em São Miguel, nos Açores, Rita Martins veio para Lisboa com 18 para estudar Psicologia. Quis o destino que a sua vida desse uma volta de 180º: numa festa do já extinto jornal A Capital, foi notada pelo actor João Cabral (seu padrinho profissional), que lhe propôs fazer um casting, e acabou como actriz em Lavado em Lágrimas, longa-metragem de Rosa Coutinho Cabral. Seguiram-se mais dois desafios, duas personagens pesadas, na curta-metragem de Alberto Seixas Santos, A Rapariga da Mão Morta, e no filme Efeitos Secundários, de Paulo Rebelo. Em 2008, figurou já entre os oito actores nomeados para o Prémio L’Oréal Paris – Jovem Talento. Agora, é vê-la como Diana na terceira longa-metragem de Manuel Mozos, 4 Copas.
Uma história de amor e de adição ao jogo, onde quatro personagens vivem e partilham problemas comuns. O naipe ao qual o título se refere remete para o amor entre elas. O sonho que comandava as suas vidas cede, depois, lugar ao jogo, que assume um significado diferente para cada personagem - ou peça. Para a Diana, é uma brincadeira séria com um propósito nobre que acaba por tornar-se numa armadilha. Filha leal e precoce, com ironia no bolso e personalidade vincada, reclama a responsabilidade de reparar o casamento do pai, mesmo que isso implique seduzir o amante da madrasta. Uma personagem de 20 anos, a mesma idade com que Rita começou a rodagem da trama: «É uma rapariga normal, que gosta de sair à noite e de se divertir. Pratica escalada. Mostra uma dureza na forma como tenta resolver todos os problemas, que vai perdendo gradualmente», descreve a actriz.

Experiências radicais
A experiência cinematográfica revelou-se um desafio. 4 Copas, «um grande presente do Manuel Mozos», afastou-a do registo dramático a que estava habituada. E conhecer o restante leque de actores, João Lagarto (Gabriel), Margarida Marinho (Madalena) e Filipe Duarte (Miguel), foi, diz, «enriquecedor e gratificante». Juntam-se a outros nomes apontados por Rita, como os de Rogério Samora e de João Cabral: «Transmitiram-me segurança e isso é excelente para quem está a dar os primeiros passos na representação. Ser actriz é uma aprendizagem constante», afirma. Em 2002, teve a oportunidade de trabalhar com o falecido actor Canto e Castro, que se tornou seu «cúmplice, amigo, mentor e fonte de inspiração». «Éramos ambos alérgicos ao pó das pombas, então andávamos sempre com máscara, a protestar, devido ao facto de termos de gravar perto dos pombais (risos). Aprendi imenso com ele. Disse-me aquilo em que devia investir ao nível da formação e os workshops que devia fazer. Acabei por seguir muito daquilo que me ensinou.» Canto e Castro nunca chegou a ver o filme Lavado em Lágrimas. Morreu antes da estreia.
O cinema há muito que deixou de ser um hobby para Rita Martins. Fazer também teatro e televisão será uma questão de tempo. E de ter formação. A actriz já recebeu convites, mas quer ter «mais espaço para experimentar outras coisas». Formada em Psicologia e com uma pós-graduação em Criminologia, tem em mente um projecto que procura uma fusão das suas duas profissões: «Introduzir a Psicologia na representação, pelo menos para argumentistas e realizadores.»

Texto de: Joana Clara
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